Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento
debaixo dos céus: tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo para plantar, e
tempo para arrancar o que foi plantado” (Ecl 3, 1-2).
Com esta afirmação acertada do autor sagrado, desejo
começar a reflexão destas Missas que presido neste último domingo como pároco
desta querida Paroquia de São Francisco de Assis. No próximo domingo, sentara
nesta sedia pastoral, o segundo pároco da história desta freguesia, para o
qual, desde já oro para que tenha, com sinceridade de coração, um fecundo
ministério sacerdotal junto a vós.
Como é sabido por todos nós, nossa paroquia foi criada e
instalada na solenidade da Imaculada Conceição da virgem Maria (08/12), no ano
de 2001 da graça de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo pelo nosso querido
Bispo Diocesano de então, D. Emilio Pignoli, a quem devo, com reverencia e
respeito de filho, meu ministério sacerdotal. Desde aquela data até hoje
passaram-se 13 anos, 8 meses e 22 dias em que juntos, vivemos tantos momentos:
felizes e tristes, de conquistas e perdas, de esperanças e medos, de
nascimentos e mortes... em todo tempo decorrido uma coisa é certa: em tudo isso
fomos juntos e acompanhados pela graça divina, e como se fossemos (vocês e eu)
os 2 discípulos de Emaús andamos como que por uma estrada, na qual o próprio
Cristo andou conosco e nunca nos abandonou, mesmo quando não o reconhecemos.
Se olharmos para trás veremos quantas conquistas Deus nos
permitiu. Porém, também, quantas perdas e danos, minha fraqueza humana espetada
em minha carne, como que um espinho (2cor 12), a fim de que eu nunca me
esquecesse, das minhas misérias e aprendesse na pratica, a misericórdia alheia,
já que eu também sou necessitado dela.
Olhando para o presente, o que vejo: em termos físicos, uma
são Francisco (enquanto paroquia) maior do que me foi entregue. Porém, no que
tange à espiritualidade e à solicitude pastoral, uma paroquia necessitada de um
padre mais pastor que administrador, mais santo que pecador, mais ligado as
coisas celestes que as terrestres e nisso, então, rogo a Deus eterno e
misericordioso, o perdão pelos meus pecados intransigentes e contumazes. A vós,
povo santo de Deus, perdão também, por não ter sido, em vários e muitos
momentos, o padre amigo e pastor, que todos desejavam e/ou precisavam ter.
Se lanço o olhos para o futuro, vislumbro dias melhores
para estas comunidades, que um dia foram minhas, pelo fato de me suceder no
serviço pastoral, um jovem e brilhante padre. Que Deus conceda a vós e a Ele, a
felicidade completa de uma vida espiritual em Cristo, capaz de leva-los, a
Santidade e a paz.
Quanto a mim, me destinarei, por obediência a Deus à sua
Igreja, a um outro tipo de pastoral, em grande parte ainda inédita pra mim.
Como é sabido, há 6 anos sou capelão do Lar Sant`Ana, aqui mesmo no Butantã.
Uma casa de repouso com estrutura de hospital que acolhe 60 idosos, quase todos
com debilidades severas (alzheimer/Parkinson). A experiência neste trabalho,
fez com o Bispo Diocesano, uma vez eu saindo desta paroquia, me desse a missão
de ser o Capelão dos Hospitais que estão em nossa Diocese. A Princípio,
iniciarei nos hospitais do Campo Limpo, Pirajussara e do M`Boi-Mirim. Serão
visitas aos enfermos internados, Missas dominicais e a participação nas
comissões de Bioética e Humanização dos Hospitais, principalmente. Sendo assim,
rogo a Deus e a vos todos, orações e força para esta nova missão, que mostra-se
desafiadora (porque estarei junto a pessoas e famílias que passam por situações
limites: dor, doença, morte) mas, ao mesmo tempo tempo também, inquietante.
No apagar das luzes do meu paroquiato, desejo ainda lembrar
que sou muito grato a Deus e a todos os paroquianos que ao longo destes quase
14 anos, me possibilitaram exercer meu ministério sacerdotal como pastor e como
administrador dos bens do povo de Deus. Juntos celebramos tantos momentos
santificantes de louvores a Deus. Juntos também, conseguimos construir 4 novas
capelas (Santa Luzia, Nossa Senhora da Esperança, São Judas Tadeu e Nossa
Senhora do Rosário), reformamos completamente a Matriz da Paroquia e pusemos em
funcionamento 3 centros de Educação Infantil que conjuntamente atendem quase
500 crianças e geram empregos para mais 80 pessoas. Com a inauguração desta
nova época administrativa e pastoral para esta paroquia, leia-se o paroquiato
do Revmo. Sr. Pe. Edmilson da Silva Bhering, creio firmemente que o que já foi
conquistado, será aprimorado e aquilo que deixei a desejar, será, sem duvida,
implantado/construído por vocês, sob a presidência do vosso novo pároco.
Por fim, desejo, se me permitem, fazer um pedido: gostaria
que a minha memória ficasse gravada em vossos corações e em nossas relações,
como o pároco que, mesmo incapaz por suas limitações e pecados, trabalhou na
Paróquia São Francisco de Assis para implantar o Reino de Deus: Reino de Justiça
e paz, Reino da graça e da Verdade, Reino de Deus para todos, sem exclusões ou
preconceitos, porque a vontade do Pai, que está nos céus, é esta: “Que não se
perca nenhum daqueles que me forem confiados” (Jo 6, 39).
Sem mais, em Cristo e Maria Santíssima
São Paulo, 30 de agosto de 2015
Pe. Josias Vieira Freitas
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